31 de out. de 2007

----era uma vez uma puta que se fudeu na vida e como não sabia 'dançar um tango argentino' resolveu entrar pr'um convento. ficou extremamente sexy de cabelos curtíssimos. a madre gostou, o padre também. não havia nada a fazer. mudou-se pra Argentina e aprendeu a dançar tango.-----

30 de out. de 2007

porque isso não é pra qualquer um não. tem que ser brega. tem que andar de ônibus e gostar. tem que. mentira. é pra qualquer um. é que eu não queria dizer. mas certas coisas precisam ser vomitadas. pra que ficar guardando? eu não gosto de pagode. e não consegui ser kitschi o suficiente pra gostar de brega, mas confesso que tenho um pinguim de geladeira. é o seguinte. eu me apaixonei. certo. o que você tem a ver com isso? a-b-s-o-l-u-t-a-m-e-n-t-e nada. mas e daí? e não é só isso. houve uma troca sabe? pois é. agora eu tô naquela fase de roer e perguntar : "-o que aconteceu? como você deixou de me amar?" na verdade essa fase passou. e passou também aquela de agradecer por ter vivido esse amor. o que não passou mesmo foi o amor. ainda bem. porque amar inspira vocês sabem né? mas é um negócio que não é pra qualquer um não. é que eu tava no ônibus hoje e a moça do meu lado ouvindo uns bregas e o cara da frente cantando junto e eu pensando: 'esse povo num tem coisa melhor pra viver não?' sei lá. tem? lógico! por fim a gente descobre que é humano. que é tudo igual. mas é igual mesmo. a gente só precisa agir diferente. ah! e quando alguém jogar algo é melhor jogar de volta. é bem melhor do que sair pela tangente, ou pegar e depositar num cantinho. e no fim se te perguntarem você viveria novamente? responder sempre: 'claro! o mundo é vasto!'.

26 de out. de 2007

era uma vez uma menina que conheceu uma ovelha que não gostava do que via quando olhava sua imagem no lago. com a ovelha a menina aprendeu que de vez em quando todas precisam ser tosquiadas. num cartão postal ela viu uma fada que se apaixonou por um menino triste. eles nunca se pertenceriam. encontraram um jeito transformando o menino. afinal uma fada que se preze tem poderes. era imensamente feliz de vez em quando. porque via coisas belas e simples. era imensamente triste, às vezes, porque sentia. era uma pessoa bem normal...

24 de out. de 2007

certas coisas deveriam ser faladas e cridas. pronto. seria fácil e indolor. de vez em quando a gente lê e acredita. é quando já tem vivido. às vezes não entende o que lê. não entende o que vê. não vê. mas se fosse somente acreditar seria como não pensar. era não sentir. como quando deixa-se de fazer porque é proibido e não se questiona por que é proibido. tem sido o que sempre foi. "faça apenas o que você quer".

23 de out. de 2007

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Para a tristeza

Companheira, sei que você vai chorar quando ler esta carta, mas quero deixar de ver você por uns tempos. Vai ser difícil para mim, pois me acostumei à sua presença, porém não vejo mais motivos para continuarmos juntas. Não nego sua importância; em diversos momentos difíceis da minha vida você permaneceu comigo, mesmo quando todos seafastaram. Só que, com você, sinto que não ando para a frente. Esse seu pessimismo me atrapalha.Tenho tentado evitar você de todas as maneiras, e isso não é legal. Ainda mais porque sei que se magoa por qualquer coisinha. Mas basta você chegar e lá se vai minha alegria. Não agüento mais os seus assuntos mórbidos, a sua cara desanimada. Até sexo, com você, ficou sem graça. Nada mais broxante do que gente que chora durante a transa.Perdi anos de minha vida ao seu lado, tristeza, acreditando em tudo que você dizia. Que o amor não existe e o mundo não tem jeito. Você é péssima conselheira para suas parceiras - que o digam a Marilyn e a Sylvia*. Agora, chegou a hora de dar chance à alegria, que há muito tem mostrado interesse em passar uns tempos comigo. Ela me elogia, sabe? Você? O único elogio que eu lembro de ter ouvido de você foi que eu fico bem de olheiras.Veja bem: não estou dizendo que quero acabar com você para sempre. Sei que estou presa a você, de uma forma ou de outra, pelo resto da vida. E podemos muito bem ter os nossos momentinhos juntas, aos domingos ou em longas tardes de poesia. Só não posso é continuar à mercê dos seus péssimos humores, dia após dia, sabendo que você nunca irá mudar. Chega de fornecer moradia à sua pesada existência.Desde pequena, abro mão de muita coisa pela sua companhia. Festas a que não fui porque você não me deixou ir, paisagens lindas nas quais não reparei porque você exigiu de mim total atenção, amigas que perdi porque insisti em levar você comigo a todos os lugares. Ora, tristeza, tente ao menos ser mais leve. Sorria de vez em quando, pare um pouco de se lamentar. Ou vai continuar sendo assim: ninguém querendo ficar com você. Não vou cobrar o que deixei de ganhar por sua má influência, pois sei que tristezas não pagam dívidas. Mas quero de volta meus discos de dance music, que você tirou da prateleira. E minhas roupas estampadas, que sumiram do meu armário depois que você se instalou aqui.Por favor, não tente entrar em contato comigo com as mesmas velhas razões de sempre. Não é a fria lógica dos seus argumentos que irá guiar meu coração daqui por diante. Quero ver a vida por outros olhos, que não os seus. Quero beber por outros motivos, que não afogar você dentro de mim. Cansei da sua falta de senso de humor, do seu excesso de zelo. Vá resolver as suas carências em outro endereço.
Como me disse o Lulu, hoje de manhã, no carro, a caminho do trabalho: "Não te quero mal, apenas não te quero mais".

Bye-bye,

Fernanda


*A autora refere-se à morte da atriz Marilyn Monroe e da poetisa Sylvia Plath.
Fernanda Young é escritora, roteirista e apresentadora de TV

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21 de out. de 2007

de tudo que vale à pena, sentir.
[apesar de, apesar de.]

ouvi a história de uma senhora que vivia sozinha numa casa e um dia comprou uma flor que colocou num quarto embaixo de um ventilador de teto. foi amor à primeira vista. ele girou pela florzinha. mas ela nem deu atenção a ele, bonita como era quis nem saber. mas ele fez de tudo, girou em todas as velocidades, inundou todo o espaço com o seu toque. a flor depois de um tempo não pode se fazer mais de indiferente, começou a retribuir. e foi só troca... ela cada dia fazia nascer uma flor mais bonita pra ele. mas entre eles havia uma impossibilidade. se esforçavam muito mas não conseguiam se tocar. mas isso era um detalhe (dos grandes). com o passar do tempo a senhora esqueceu a florzinha lá no quarto, nem tão pouco ligava o ventilador... nas hélices havia uma camada grossa de poeira. a flor estava quase morrendo na terra seca. mas quem ama, quem vive a magia sabe que o milagre salva. com todas as suas forças, o ventilador girou como nunca havia feito, era quase impossível mas ele girou com tanta força que a casa interia tremeu, o teto cedeu, ele desprendeu-se do teto fazendo um buraco imenso por onde a chuva entrou e saciou de vida a florzinha, por um único instante eles se tocaram. o ventilador girou até o céu. a florzinha floresceu hélices maravilhosas que desprenderam-na do chão. ela estava livre. as hélices-flor eram lindas. "Nosso amor... Já é grande o bastante Pra deixar a gente viver".

18 de out. de 2007

mais uma quinta. tudo certo. o sol brilhando. a roupa azul. um lugar mais tarde. aquela pessoa. tudo certo. só tem uma coisa, uma coisinha fora do lugar. como alguém pode ser tão perverso?

13 de out. de 2007


se eu fosse poeta...
minha dor seria amor
minha alegria teria cor de flor
(cores vibrantes feito o chale amarelo que me agasalha agora)
-mas eu sinto-
sou uma pessoa normal e na minha casa não tem um 'lustre'
*reviver [ao contrário] é reviver*




alguns chamam de mágica... também destino... ou pura putaria... mas as coisas acontecem .... é isso. é bom.. tá valendo... desde que... ou não... as vezes é preciso algo que acelere o processo... noutras vezes é a verdade .. mas nem sempre tem coerência... como agora...

11 de out. de 2007

- bom dia!
- ...
- boooooom dia!!!!!!!!
- bom dia...
- vou aumentar o som tá?
- faça o que...
- ADORO ESSA MÚSICA!!!!!!
- percebi...
- adoro essas cores, essa luz, esse dia...
- você é meio doida!
- meu filho, eu amaria até o cinza do dia e o meu cabelo encolhido se hoje tivesse chovendo.
- quer saber? vou com você!
- quer mais? você jamais viverá isso novamente. esse momento... que foi.
- já sei! o café hoje é na padaria.
- ...
- ...
- você lembra se eu desliguei o som?
- lembro sim. eu desliguei. você é meio aérea em dias como hoje, por isso não te deixarei sozinha um instantinho que seja.
- 'enquanto houver você de um lado, do outro eu consigo me orientar'
- você viu? o poeta entregou chocolates finos a mulher que vive na praça.
- as sombrinhas dela têm cores lindas. adoro a cortina do banheiro também.
- acho que hoje conseguiríamos voar.
- lembrei do ventilador e da flor... foi lindo ver que em algum lugar há pessoas como nós. lembra do ventilador e da flor apaixonados?
- eu quebraria o teto pra que a chuva chegasse até você...
- olha...! viu?
- é perfeito...
-.. nosso
-.. e único...
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P.S. 'porque hoje é quinta' e que o sábado seja do nosso 'poetinha'...

9 de out. de 2007

a exata palavra e momento. a conjunção.
o jarro era de cristal, o gato veio do Irã e sem dó nem piedade, por puro ciúme mesmo, enroscou-se nele. um pó transparente que por um instante foi como um sopro do deus. pó molhado, luminescência nas lágrimas.

5 de out. de 2007

havia a história de um novelo prateado que tinha a magia de adiantar o tempo à medida que era desenrolado. havia Drummond falando da velocidade do tempo. co-incidência (fatos).
se não está escrito só resta o tempo mesmo.
['a resposta está na pergunta?']
o tempo feito de filosofia.
...mas todo mundo conversava quando ficava sozinho. e ninguém via as mesmas coisas, mesmo que mostrassem.

Levantou-se cedo, tomou um banho gelado, vestiu uma roupa leve, bebeu um café quente e forte, passou filtro solar fator 30, foi caminhando pro trabalho. o sol na pele, a poeira nos pés. viu a marca do tempo numa pessoa. miséria e cegueira. e o deus disse: me escolha.
finalmente vomitou.

3 de out. de 2007

era uma vez uma menina que tinha um mistério redondo e profundo que não cabia dentro do mundo, não estava escrito no dicionário e não era o que todo mundo pensava.
certo dia viu-se diante de três caminhos, escolheu o do meio e passeava nele olhando para os lados e vendo tudo que havia perdido. Assim nem percebeu o que havia na sua frente e nem o que deixara para trás. quando finalmente o caminho acabou estava de mãos vazias, com fome, sede e frio. resolveu voltar mas as coisas já não estavam mais lá e nem dos lados. então usou suas asas.