25 de dez. de 2010

você me contou da dor água viva.
fiz batatas com queijo ao molho de morangos para você.
o gato lambeu o resto do iogurte. morango.
e no resto do mundo.

24 de dez. de 2010

toda a estória era a sua?
no banco traseiro de um taxi. um caderno. letras contando d'um livro do 'não sei'.
leve sorriso por dentro.
'je ne t'aime plus...
mentira...'

1 de out. de 2010

noite embalada. um ronco silencioso. um dia claro. barulhos inconvenientes e necessários. claridade e igualdade. o belo miúdo que deixa saudade e acalanto. uma fila dupla. dispendiosa, fria e desnecessária. recusa. oportunidade crespa. consentida. invasão das linhas definidoras. saída de emergência. som e água. daquele cinza espumoso. frio e ao alcance da mão. pedregulho que refresca. uma velocidade inconstante. relembranças de uma loucura desejável. de um não que queria ser sim. de um plano futuro. uma reza diária e abençoadamente salvadora. desespero contido. busca acelerada e um espelho que mostra força e sorte. uma brecha inóspita. horizontal e vertical. sem bolinhas. e ele viu uma velocidade desconhecida e antiga. foi por pura fuga e vontade. além da vergonha de dizer o óbvio.

26 de set. de 2010

precisa estar carimbado para garantir a propriedade. sendo assim, deixa de ser comum a todos. compra-se coleira de luxo. e gaiola de cristal. enquanto o mundo pede silêncio.
ela comentou de uns garotos que eram possiveis 'marginais'. em troca, um olhar frio, indiferente. um silêncio quebrado por perguntas inconvenietes. silêncio forçado.
cada um e cada vida.

26 de ago. de 2010

é meia noite no cuco da sala. ele não canta. foi ao dentista. ainda não voltou.
daqui escuto a broca no cinza concreto de seus dentes afiados, opacos e invisíveis. no canto da boca escorre um fio de impossibilidades. [sou sua gostosa]
estou sentada enquanto espero seu som anunciar sua volta.
você não virá.
enquanto isso escuto o silêncio que só amigos verdadeiros sabem compartilhar.
sempre lembrarei de você.
tenho um segredo e estou louca pra te contar. [você entende a linguagem das árvores?]
ssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssss
nessa semana não lembro do que deveria refletir. e é tão empolgante.
e cada vez que vejo alguém trazer nos sapatos essa cor de terra por onde pisei percebo que preciso ir mais longe.
e quase gosto da minha companhia. dessa música doce que não altera meus sentidos.
enquanto sinto cheiro de cigarro pelas células finas e aneladas percebo que sou quase livre. não de mim, mas dos outros. isso me embriaga.
hoje recebi uma delcaração em plena rua. ele me seguiu e falou durante alguns quarteirões coisas que não entendi. e cada vez que me traía, o olhar me averiguava. fiquei na minha. não sou dada a essas coisas. e ele disse que havia beleza. e olhava as luzes e os quadris. e cumprimentava transeuntes meus. e tudo que eu queria era água. a que escorre no corpo, por dentro, por fora. depois choveu. e tudo voltou ao normal. e percebei que ser era o puro estado de estar vivendo.
mas tudo não passou de um 'jeito de corpo'.
ter. depois.

20 de ago. de 2010

íntima vaidade secreta lunar
era uma vez um medo que se desfez
enquanto ainda havia a certeza da beleza que só os bruxos enxergam
as marcas de nascença
os sons vistos sobre a superfíce tremeluzente e luminosa
da água.

enquanto você escorre, escorre...
e essa tranquilidade apassivadora e perene
translúcida que busca

dez
seis
sete

enquanto por dentro ainda se vive

e quando se corre do perigo...
(é perigoso)

amanhã não haverá promessas

corro...

fujo...

dizem que quando a gente está no caminho certo as coisas acontecem...

as coisas que nos agradam(?)

corro...

24 de jul. de 2010

abriu as cortinas. 'preciso de menos luz. o excesso incomoda. mas não quero necessitar ser dilatada'.
na claridade uma idéia luminosa. uma lembrança da descoberta. e transbordava até uma compreensão felina. haveria mesmo essa capacidade de enviar mensagens? ou era tudo pura intuição?
e percebeu que diante de uma verdade só restava esperar. até passar. e esperava. encontro após encontro. até a despedida. e o acolhimento de uma lembrança boa, apenas. então esperava. e sabia que no fim seria como o alívio de se sentir a cabeça que não dói. (ou aquilo que rasga e alivia)
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ainda ontem:
encontraram o pote de ouro do arcoIRIS.
Para MN 'a fama não é sinônimo de fofoca, de escândalos'. OI...! entendi direito?
o que você fará com tudo isso? Eu perguntei primeiro.
sempre que vejo uma letra, palavra, capa, contexto...
algumas coisas a gente não faz nunca. ("aproveitar a vida antes de morrer")
às vezes a vida fica linda. nem chove nem faz sol.
e a gente não faz as sinapses necessárias.
e tudo vai bem, obrigada.
não estou indo para a yoga.
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você não é seguro. e é perigoso. roubou a conexão. o endereço. o login. e pôs tudo em risco. e não te vejo. nem posso discar seu número pra avisar. não é seguro. e eu achava bonito nossa falta de jeito.

12 de jun. de 2010

na sala escura a tentativa de esconder-me de um dragão satélite. abaixei-me. vi-me na caverna. tudo cinza. no fim a certeza de ser eu, apenas eu, não sei porquê, mas sabia que o motivo dele abrir as asas e voar em minha direção era algo a dizer. mas eu não fiz questão de ouvir. um alívio ver o tempo nublado, montanhas altas... e ele longe. enquanto esperava acordar. depois eu soube do perigo anunciado. uma visita mística. pré iluminista. antes que o sol encolha e eu, eu mesma, assim como você, seja como ele, os antigos e parentes irreais petrolíferos.
.
.
.
da geometria de god.

9 de mai. de 2010

cabelos curtos e dourados. era suave perceber seu corpo. suas cores.
difícil confessar aquilo que é teu.
e aquela voz, aquele jeito de fazer-se entender. novamente aqueles cabelos, mais compridos, suave perceber seu corpo.
a casa, les chansons d'amour. branco caiado. amarelo rosado. laranja bom dia e pôr-do-sol. azul, quem sabe?
a mulher cantando nua na varanda.
no filme ele sempre falava olhando pras pessoas da platéia enquanto o carro mostrava pelos vidros, de vez em quando.
um som de cinza.
cheiro é coisa de alma. 'desse pé de vento que há em nossa varanda'.

é possível interpretar errado?

decifrando códigos.
arqueologia.
os antigos.
nós, um dia.

11 de abr. de 2010

O filhinho puxando a aba de sua saia, uma água que fervia no fogão, gavetas abertas, lençóis emaranhados em objetos desordenados. Um teclado em seu colo, um resto de sementes com leite esquecido embaixo de uma almofada surrada. Uma música ressignificando tudo ao seu redor. Um lugar, um cantinho.o inferno é os outros, deve ser por isso que saber que a sua consciência te basta e não dá importância alguma na dos outros te liberte. É solitário. asasliberdade te dá . Voar é mover-se, sentir brisas e brumas. E sair da mente e do corpo não é morrer. E você fica feliz e se torna uma pessoa boa. Pacificadora. Amém. Enquanto o filhinho descobre aquele resto de leite com sementes. Águia empurrando filhote.

8 de abr. de 2010

após uma noite insone e a lembrança do sonho que não aconteceu:

então... foi perceber que parte de um espremedor de batatas talvez sirva para essas velas que há muito não acendo.

ressignificar isso que
vejo.
vivo.
vives.
vivemos.

ressignificarmo-nos.

isso que sinto e que não vejo como você.
ressignificar esse ar cortado por palavras.
essas imagens que vejo.

isso que sinto apalpando, que minhas mãos sabem, mas minh’alma mostra.
ressignificados, pois as imagens não correspondem ao real. não ao real óbvio. e é esse outro que me interessa.

uma serpente me picou no final da manhã. fazia calor no asfalto. tive vontade de andar com um ovo cru na bolsa, só pra testar. tenho pegadores. em todos os cantos. nos menos imagináveis. alguns são ressignificados.

9 de mar. de 2010

bonitinha. contida. voz irritantemente contida. limpa. boa de corpo. agressivamente silenciosa. quieta. mandona. e um dia, como a todas, o limite chegou. numas, uma dor de cabeça insuportável. nela, aquele silêncio falante, sem resposta. o dia chega pra todas. principalmente para as intocáveis. são 'as voltas que o mundo dá'. e agora só me resta chorar. por pura compaixão. sua, minha. desse nada oco e sem fundo que é viver.

20 de fev. de 2010

demorou até a descoberta.
os cabelos longos e esvoaçantes de vento e mar.
o desejo é o prazer.
as tradições justificam a intromissão na 'alma' alheia.
finalmente chegou o dia dela. azul.
e a descoberta causa dor.
ou refugiava-se no porão de si. ou, ainda, quem sabe, neles. fingir que não se vê o obvio. regras.
o dia da liberdade: não se justifica, apenas se vive.
'o exercício da liberdade', medo, loucura.
rubro.



a farsa axiomática.

enquanto girava o dedo pressionando de vez em quando, lento.
a mão e um dedo. movimentos circulares.
para e recorre.
ininterruptamente.
tanto melhor sem tirar o dedo, apenas movê-lo verticalmente.
clicar.

rosas lilases janela quarto de hotel tinta, narciso, margaridas. languidamente.

"mas eu te juro
são flores de um longo inverno"

16 de fev. de 2010

aquela gravidade impedida pelas nuvens.
enquanto você caminhava pelo deserto de atacama.
e todas aquelas idéias que viraram pó...
e de tão um passaram a sentir uma única dor e alegria.
e depois?
haverá a quebra e despedida da casca. um início comum a todos. é quando começa-se a compreender.
o que bastava? por que ninguém segura a linha e escorrega os dedos?
não dói. apenas corre-se perigo. mas não há riscos. apenas alguns arranhões. um pouco de sangue que escorre e lágrimas.
e é tão forte.
e essa pressa.
e esse som.
"O desejo é um tempo parado
É quando se trocam as datas dos bichos e das flores
É quando aumenta a rachadura da velha parede
É quando se vira a folha, a folha da história
É quando se pinta um fio branco na cabeleira preta
É quando se endurece o rastro de sorriso
No canto dos olhos
Eu sei que a viagem é longa
A voz vai e vem
Você ta aí?
Você ta aí?
Ei, voce est aí?
Vontade de abraçar o infinito"

15 de fev. de 2010

cidadezinha pequena. 100.000 habitantes. comércio tradicional. feira. cachoeira. bica. banho de lama. caça ao tesouro. trilhos. espada. descobertas. sensações.
luzes, terreno baldio, buzinas. calor, odor, medo. ressaca. apartamento. aluguel
amigos. três. escala de limpeza.
paixão. um que amava outro que amava muito mais. amado que era.
brigas, mágoas, palavrões. despeita. solidão. amor. paixão.
porque não era possível conviver. sobrevivia.
não sobreviveu ao ter o namorado roubado por aquela amizade. vingança. de um por um. pensou em dar descarga nos três. mas como manter os corpos?
passou a sujar os dias que não eram seus. todos reclamavam. 'mas ele também não limpava? então.' e de mágoa, obsessão.
sonhos suados. pensamento. corpo, mente. ele, a cada três dias. os piores para os outros. loucura que não tinha a ver com amor. doença. maldizer.
fracasso.
cidadezinha pequena. pássaros matinais. sol secando a grama. pés com meias. branco. tudo branco.

8 de fev. de 2010

ao redor havia lama. mas dentro, circular. portas e vitrais. uma leve vertigem.
cadeira. homem. velho.
ingenuidade.
antes, agora.
mergulho no desconhecido. [porque é preciso emergir. necessário]
turvação aquosa. engano. mas isso é futuro [retalhos do que foi].
Impossibilidade.
Queda.
Circularidade.

28 de jan. de 2010

[enquanto lia... chorava.]
era uma brincadeira tão deles, aquela de brincar com as palavras.
uma brincadeira infantil mas perigosa. mas brincavam.
e chorava por vê-lo brincar de palavras com ela. e chorava porque via-os brincar de um jeito que era pra ser só seu e dele.
porque ele gostava de brincar disso.
mas sabia brincar, mesmo sem sorrir. como quando se sente medo de ser descoberto quando se esconde entre as roupas antigas. e ele brincava escondido. e se mostrava.
e era tão encantador e insuportável vê-los brincando. porque era belo. e ferozmente feio.
e era tão antigo. e tão presente.

E queria ser filha do tempo. E crescer nele. Esquecer.

Mas era tarde. E cedo.

E um fim.

Porque, por hora, queria vê-lo chorar tudo que guardou. Queria que ele afogasse no frio que arrefecia as últimas palavras. As que ele traiu. Roubou-lhe. E ganhou.

E enquanto não crescesse não saberia falar dessas brincadeiras que machucam. Como quando se sente prazer em brincar com a dor. A dos outros. E não se respeita as horas. Passaram do horário. Ficariam de castigo. E chorariam mudos apenas sentindo as feridas arderem tocadas pelo sangue e água. Arranhadas pelas pedras. Enquanto deitavam os corpos nus em nuvens cor de seda.

27 de jan. de 2010

mostrou-me o coração e disse que não era seu. mas que eu guardasse. era presente. não pra mim. para uma amiga. mas não era dele, apenas guardava. acreditei. esqueci. e sem querer ele derramou-se em mim. reconheci o gosto, o cheiro, a cor. era seu. era isso que o meu dizia. sentia. sabia.

engraçado, eu sempre soube e nem sabia.

21 de jan. de 2010

a
ç
a
m
u
f

aquele sentimento virou
o futuro virou
o passado virou
o presente não era.

havia ouro colorido.
pó soprado.
nuvens elétricas.

e terra.
vertigem.
elementos naturais desintegradores.
explosão...
fim para o novo.

descascou batatas por pura poesia e sentimento.
do que retera.
o que guardava.
um relicário.

gavetas.

20 de jan. de 2010

[estou cheia daquilo que não posso te mostrar. por mais que queira.]
haverá um lapso no tempo.
chegou ao supermercado um pouco desbaratinada. estava cheio. sentia fome. abriu um pacote de salgadinho, uma garrafa de água com gás. chicletes.
e num espalhar branco pelo estômago lembrou da panela com agua fervendo na sua casa.
fechara a porta. fechara? sim!
precisaria voltar correndo. mas não pagara ainda e havia aquelas 12345 pessoas na sua frente. ele era alto, bonito. daqueles que você só de olhar pensa. deu-lhe uma nota de vinte com o seu telefone escrito. disse que se ele ligasse ela poderia explicar tudo. ele recebeu. e continuou na fila.
enquanto voltava, aflita, pareceu dar de cara com um sólido invísivel. que estúpida! enfim.
sofria antecipadamente com as consequências daquilo que não deveria ter feito. fez. fazia.
vivia dizendo não ao que queria que assim o fosse. que tonta! o fogão estava desligado. o telefone tocou. era o troco. poderiam tomar uns chopps com ele. e assim o fizeram.
e aos poucos foram surgindo as mentiras. o acre.
sucessivamente.
moscas.

19 de jan. de 2010

alimentou a alma. antiga.
pensou um dia inteiro. quando se deu conta.
arrancava as palavras como quem 'bemequera'.
quando o que queria era senti-las como quem desliza num fio e sabe ser 'beijaflorado' no dia.
e elas saiam quadradas, dolorosas.
e porque não reconhecia o mundo, negando-o, não o compreendia.
porque não olhava...
e entregou um brinquedo ao gato. e sentia aquilo que escorre pelo corpo e não se sabe se por dentro ou fora.
e tudo que queria era saber verdaluzar a luz.

e havia erva daninhas...
[e o necessário equilíbrio]
dos fragmentos.
não aconteceu.
catarse.

18 de jan. de 2010

ele me disse que o domingo era bom. feito criança. seria.
eu contei pra ele coisas de uma quinta-feira.
e insinuei segredos da segunda.

a gente lembrou.

fp era sábio. entendia o tempo. o que se vê. e distraia-se dele naturalmente.

e se tudo acabar? e se for mesmo assim? o agora é ilusão... passagem. o que significa? ou tudo significa, apenas nada.
[e de que adianta se importar?]

era uma vez uma mulher. e ela tinha sentimentos. mas escondia. e fingiu toda uma vida. e não havia pressa nela.
numa noite sentiu medo. e imaginou-se numa floresta. o medo se foi. ficou um rastro de loucura. como carrinhos vermelhos passeando por estradas imaginárias. riscadas por um inventor.
sentia uma fome vermelha e fresca.
e precisava encher-se do inexistente. e de si.
de vez em quando lembrava como é difícil perdoar. esquecer. sobreviver. comer.

17 de jan. de 2010

e nesse dia não precisou implorar aos céus. sua existência preencheu um dia inteiro.
antes do vazio.
e ficou tão deslumbrada com o presente.
e muito tempo depois lembrava dele. e distraiu-se.
[inspirar...]

eles estavam ali e de repente, não mais.
e o espetáculo enternecia os que continuavam.

porque o mundo não parava de girar.

aqui.
ali.

10 de jan. de 2010

desculpa-me, abri suas gavetas. Vi as cartas, todas as dedicatórias.

entre curiosa e culpada te peço perdão.

percebi que o que mostravas era tudo 'que querias que eu visse.

encantei-me, entretanto. emocionada, quase derramei lágrimas.

por fim vi teus olhos. eles me acusavam.

então fiz o meu papel e fingi que não era comigo.

no domingo, perambulei, arrastei-me.

fiz a lista.

escutei ac acalentando dores de cotovelo debruçada e aérea. pela janela vi que você não passava.

e lembrei que sabíamos sorrir.

pela janela...

enquanto você acenava pra mim...


e enquanto lembrava fui segurando com carinho e guardando tudo numa caixinha.

e nunca entenderia a razão pela qual não estudara física quântica.

e percebia o quanto já sabia.

e havia aquele sentimento de amor.

e era um tanto quanto paranormal.

bastava estar vivo.


e sentiu-se em paz ao ler que o santo admira muito mais o cordão que une as pérolas.

...