28 de jan. de 2010

[enquanto lia... chorava.]
era uma brincadeira tão deles, aquela de brincar com as palavras.
uma brincadeira infantil mas perigosa. mas brincavam.
e chorava por vê-lo brincar de palavras com ela. e chorava porque via-os brincar de um jeito que era pra ser só seu e dele.
porque ele gostava de brincar disso.
mas sabia brincar, mesmo sem sorrir. como quando se sente medo de ser descoberto quando se esconde entre as roupas antigas. e ele brincava escondido. e se mostrava.
e era tão encantador e insuportável vê-los brincando. porque era belo. e ferozmente feio.
e era tão antigo. e tão presente.

E queria ser filha do tempo. E crescer nele. Esquecer.

Mas era tarde. E cedo.

E um fim.

Porque, por hora, queria vê-lo chorar tudo que guardou. Queria que ele afogasse no frio que arrefecia as últimas palavras. As que ele traiu. Roubou-lhe. E ganhou.

E enquanto não crescesse não saberia falar dessas brincadeiras que machucam. Como quando se sente prazer em brincar com a dor. A dos outros. E não se respeita as horas. Passaram do horário. Ficariam de castigo. E chorariam mudos apenas sentindo as feridas arderem tocadas pelo sangue e água. Arranhadas pelas pedras. Enquanto deitavam os corpos nus em nuvens cor de seda.

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