28 de abr. de 2008

de alguma forma sentia vontade de atravessar a camada terrestre. por que não sentia medo de cair no céu? zumbido. gotas de chuva espatifando-se. sombras. fumaça. rasgão osônico. fim. quando voltou trouxe estranhas sensações de quem desconhece o que olha. um gosto passado. receio. os gestos de quem não sabe o que tocar. o tempo ri com dor e intensidade. enquanto isso, na rua, um homem gritando e ecoando caos. a mulher e o lenço na cabeça. medo e lembrança emoldurando um tempo em barulhinhos dourados. cada dia chega-se mais perto do indivisível.

25 de abr. de 2008

atravessou verdes liberdades, pousou em claves e num intervalo de suspiro que sente a vida quando se está acordado, não ouviu sequer o silêncio. era seu um perfume breve. uma imagem lúcida clamando perdão e vida, dessas que não se mostram, tampouco fazem-se de outro jeito. desequilibrou-se na dúvida de um perfume eterno. sorveu uma hipérbole drummondiana.! era tarde e só a morte eterna.

23 de abr. de 2008

enquanto você caminha pela calçada e se... cego pela luz desobedeceu-se o coração desfazendo o tempo pretérito(?)

elas não mudam de cor e causam efeito universal.
não é que queira esquecer, mas elas fazem lembrar.
e as vezes a letra não alcança a palavra.
e ouvindo o cântico negro do poeta era (im)possível ser (in)coerente, de um jeito ou de outro.

21 de abr. de 2008

350 metros de altura. os olhos descansam numa tempestade. o tempo acompanha sorrateiramente, esgueirando-se feito fera em domingos. as mãos em mofo rubramente tingindas pelos morangos intactos.
350 metros de queda. os olhos em tormenta prussiana. a fera encontra a vida. o tempo devora os dois e escorre entre as mãos.
350 metros de vazio. os olhos afogam-se num medo azul. as mãos cobrem eles.

10 de abr. de 2008

Para D

camadas lunares sob um lenço numa renascentista tentativa de amor pretérito. alvedrio e arrojo de quem olha como vê. aposto secreto para a multidão solitária de uma sala noir. Júpiter azulando uma sinfonia poética. silêncio dourado numa prata aparente.


[só você]

7 de abr. de 2008

do silêncio que o amor fez em você ficou em mim uma sensação helicoidal de mar por dentro.
por dentro do silêncio.
porque à tona do sopro sou toda ouvidos.
sopra-me e eu buscarei essa sua sensação de silêncio marítimo pulsando e morrendo na falta.
um relicário sempre fechado, jogado fora e escondendo impossibilidades.
porque somos uma espiral desfazendo-se.

3 de abr. de 2008

coisinhas de uma menina amarela para:
.uma menina azul em disparada numa bicicleta que mistura tudo numa coisa só quando passa azulejando o dia.
.um poeta ao pôr do sol cinzelando palavras púrpuras alaranjadas.
.um gato preto transmudando e endoidecendo transeuntes sensíveis.
.janelas, todas elas.



*era uma vez quando você fechou os olhos e sentiu uma cor amarga que escorria no sentir. então mergulhou profundo e emergiu lentamente lavando e levando sentimentos. [...]