24 de jan. de 2016

enquanto me embriagava com esse gosto salgado vi em varais de mulher pintando seda que o que tivemos nos tirou a vida. nessa morte tão esperada e merecida percebo as verdades do meu minúculo tamanho. da minha avareza. inveja. hipocrisia. fraqueza. não deixo nada, porque nada herdei. apenas uma verdade: você enxergou por meus olhos. viu toda a mentira que absorvi como minha. apenas queria que você soubesse que havia outra. ela sempre existiu, gritou, implorou, mas a passagem era estreita e ela perdeu-se no tempo. aprendi que não devemos agradecer porque a existência encarrega-se de retribuir. mas de tudo o que você viu, não reconheceu a incapacidade de fazer algo que não se sabe. nem por intuição. apesar de uma ancestral sabedoria e cuidado divino.
De vez em quando a gente lembra. se julga. insalubre presente. passado você ja passou!!!!!!!!!! Da um tempo!
Pela manhã abriu os olhos e sentiu calor. O sol já ia alto. Fechou novamente os olhos. Tentaria voltar a dormir. Sono intranquilo. Quebrado. Ficaria na cama até não aguentar mais os sonhos,  a dor, calor. Vontade. Um banho. Café.  Quase meio dia. Geladeira sendo minuciosamente averiguada. Apenas uma possibilidade: ovos. Não ofereceria pão com ovo. O dejejum seria ovos. Soava bom. Ninguém recusa 'ovos'(!). Testaria sua teoria apenas para confirmar. Perguntou à sua companheira se ela gostaria de comer 'ovos'. -sim, claro!; -mexidos hã? Imaginou que se houvesse falado simplesmente pão com ovo, haveria uma muxoxo da outra parte. Caprichou na casquinha do pão.

1 de nov. de 2015

maçã e morangos

Conversa entre dois. Parecia dois mas éramos muitos na sala. Ela falando do poder da terceira pessoa em sua escrita. Ele falando da eliminação do pronome.
Percebeu.

Durante a limpeza da caixa de areia, contemplava as noticias dos jornais à medida que os forrava pelo chão.
Que atraente Senhora Palavra.

Uma familiaridade lhe ocorreu.

s a u d e
saudade

árvore
revoa
e soa
e verde voa.

11 de ago. de 2014

ou você quer ser arvore?
grande, frondosa.
que da sombra e fruto.
e que quanto maior por fora, mais profunda as suas raízes.
Ela não gosta da minha calça mole tom verde.
Percebemos que as pessoas adoram saber da vida do outro.
Tenho lido bastante sobre Reich, Lower, Bioenergética.
Te contei três coisas que tenho vivido.
Li "a erva do diabo". Muito tempo se passou.
Entre a meditação e as drogas, prefiro aquela.
Contei tudo de mim.

Blues me lembra:
ela dançando de olhos fechados, segurando um copo numa das mãos. Luzes no palco. Plateia entre penumbra e geleias coloridas. pessoas dançando de olhos fechados, copos e garrafas nas mãos. Precisa sentar, ou encher o copo. Sai acotovelando pessoas. Deixa o copo no balcão. Vai ao banheiro. Precisa mijar. Molha o rosto. Prende os cabelos. Passa batom. Vai ao jardim, acende um. Sente-se flutuar e decide dançar. Esta fluida, sensual. Fumaça. Pessoas sentadas na grama. Gaita, violão, violino, pandeiro. Ela dançando de olhos fechados, segurando um bongue nas mãos...


25 de jul. de 2014

Gerryei no deserto. Tirei o ar do que não poderia voltar comigo. Voltei só. Viva. 

"à vida"

Pensei na morte. Pra mim ela é algo sem sentido. Sem gosto. Sem graça. Sem noção ou explicação. De vez em quando alguém morre em sacrifício de uns tantos outros. Isso é o que pode amenizar ou dar um sentido à morte de pessoas que julgamos maravilhosas. Parece que tudo perde o sentido. Dor em toda a sua intensidade. Aceitamos a morte de alguém querido porque algo na gente também morre. Aceitar é seguir.

Eu sempre penso no quanto acho a morte uma interrupção absurda. Eu acho. Oxalá exista mesmo outro mundo. Quer dizer isso se não for como Dante nos contou. Porque vai que a pessoa foi cretina toda a vida. Fudeu-se!

Mas outro dia escutei uma historinha de umas folhas que despencavam uma a uma para renascer.

Dessa Forma, a vida pra mim, e não pela morte, mas porque tenho impulso de vida, tenho tentado viver do jeito que gosto e me faz bem. Fácil não se aplica a isso se pensar em alguém pensando por mim. Enfim, pretendo sorvê-la inteira, a vida!

29 de out. de 2013

Na montanha, ao redor da fogueira, ela beijou outro depois da caricia da morte. Na montanha ela poderá gritar, fazer silêncio e cantar. A fogueira aquecerá sua alma azul. Ela andou por mosaicos pedregosos, tapetes verdejantes, lama. água, ela precisa beber água. Correr, subir, andar, silenciar. chorar todo o suor do corpo. ingrememente desidratada ser carregada pela fumaça inebriante da dor. Ela foi esquecida, relegada. E agora rasteja de volta.

12 de abr. de 2013

Sonhei que um amigo tinha uma vasilha cheia de cocaína, mas a gente dizia às pessoas que era massa de tapioca. tive sonhos estranhos com guarda roupas também. sonhos causam umas sensações esquisitas na gente. quando conto um sonho meu ou escuto um de alguém que passou o dia comigo, ficamos falando de algumas imagens, conversas, coisas diversas que nos faz ver ou viver aquilo no sonho.
...
Vi uma blusa com uma foto  de Raul Seixas e uma frase  que dizia para não alimentar parasitas se referindo aos políticos.
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Lembrei que não há absolutamente nada que eu possa falar que já não tenha sido dito.
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música.

18 de mar. de 2013

Ou você vive, ou imagina.
Mesclar é imaginar o que você viveu.
Tom Zé cantando 'amar'...
sinto falta daquelas árvores que faziam uma cortina de sensações...
Há pelos sobre a mesa. São cinzas e brancos.
Led nos ouvidos...
arranhões quentes riscados sobre as pernas.
e as coisas continuavam lá.