26 de ago. de 2010

é meia noite no cuco da sala. ele não canta. foi ao dentista. ainda não voltou.
daqui escuto a broca no cinza concreto de seus dentes afiados, opacos e invisíveis. no canto da boca escorre um fio de impossibilidades. [sou sua gostosa]
estou sentada enquanto espero seu som anunciar sua volta.
você não virá.
enquanto isso escuto o silêncio que só amigos verdadeiros sabem compartilhar.
sempre lembrarei de você.
tenho um segredo e estou louca pra te contar. [você entende a linguagem das árvores?]
ssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssss
nessa semana não lembro do que deveria refletir. e é tão empolgante.
e cada vez que vejo alguém trazer nos sapatos essa cor de terra por onde pisei percebo que preciso ir mais longe.
e quase gosto da minha companhia. dessa música doce que não altera meus sentidos.
enquanto sinto cheiro de cigarro pelas células finas e aneladas percebo que sou quase livre. não de mim, mas dos outros. isso me embriaga.
hoje recebi uma delcaração em plena rua. ele me seguiu e falou durante alguns quarteirões coisas que não entendi. e cada vez que me traía, o olhar me averiguava. fiquei na minha. não sou dada a essas coisas. e ele disse que havia beleza. e olhava as luzes e os quadris. e cumprimentava transeuntes meus. e tudo que eu queria era água. a que escorre no corpo, por dentro, por fora. depois choveu. e tudo voltou ao normal. e percebei que ser era o puro estado de estar vivendo.
mas tudo não passou de um 'jeito de corpo'.
ter. depois.

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