17 de ago. de 2007

Ela passara dos trinta. claramente vivera tempo demais, coisas demais. havia coisas nela que só quem lesse os mesmos livros entenderia. era recatada, pacata, discreta. vivia só. não tinha amigos, nem amor ou parentes. ela não existia a não ser para o gato, que nem dela era, mas a quem não sabia negar um prato de leite. ela não negava. e nisso estava seu contrário porque ao não negar ela negava o não. ela era quase uma 'mcabéia' ao contrário. mas não era. um dia, num susto de cair quase tonta no chão, deu-se conta de sua não existência. desse dia em diante tornou-se quase que uma obrigação abrir os olhos e afastar levemente as cortinas para ver o céu, abrir as janelas pra sentir o vento, sorrir ou estirar a língua para uma criança, sentir entre os dedos ou sob eles sua essência mofada. assim evaporou-se. nasceu. e gritou. e finalmente entendeu o significado das palavras morte, mudança e vida. colheu-se. simplesMente. e tudo sem um gosto ínfimo que fosse da dor.

Um comentário:

Tatá disse...

postado no dia do meu aniversário!
=)

um dia ainda leio a hora da estrela...


=***