22 de out. de 2008

seria pardal aqueles passarinhos na varanda dela? já criara canários. esse gosto devia ser herança de um papagaio que tivera na infância. uma vez comeu carne de tatu, achou dura. as pessoas têm preferência por alguns bichos. é cultural. onde já se viu? um sacrilégio comer carne de vaca. escorpião torrado ou patola de caranguejo? urubu da terra ou urubu do mar? na hora da fome pode ser papelão, cola, revista colorida. dá pra fazer um mosaico, um quebra-cabeça, jogo de memória. consumível, reciclável. brincar de viver. aquela mulher daria pra fazer um livro. ela imaginava a avenida toda enfeitada com cordões e vidrilhos pendurados de um poste a outro. seria mais bonito dizer adeus assim. era uma típica pessoa típica. previsível sob o poder, como quase todos que se corrompem. não se assustou quando seu passado secreto foi revelado. sabia que possuía dentes, poderia morder. o fato é que aquele passarinho imitava todos os outros, parecia vulgar, além de cosmopolita. dizem que o canário canta para atrair a fêmea, enquanto essa, pia. do rouxinol, o imperador. há um pássaro cívico. e o bem-te-vi lembra infância e margarina. em alguns lugares era hábito jogar borboletas sobre os noivos após a cerimônia. plácida manhã barroca do dia em que o sol entra em escorpião.

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